sábado, 26 de abril de 2008

O holocausto promovido por Israel


da France Presse, no Cairo

A Liga Árabe advertiu neste sábado (26/4/2008) para uma possível "catástrofe humanitária sem precedentes" na Faixa de Gaza, após a UNRWA (Agência das Nações Unidas para a Ajuda aos Refugiados Palestinos) ter de suspender a distribuição de alimentos devido à falta de combustível.

"A suspensão da distribuição de ajuda para um milhão de palestinos depois das autoridades israelenses se negarem a abastecer a Faixa de Gaza com combustível é um sinal de alarme que anuncia uma maior deterioração da situação já explosiva", afirmou Hicham Yussef, chefe do escritório do secretário-geral da Liga Árabe, Amr Musa, em um comunicado.

"Se a isso se somar à continuação da ofensiva militar israelense contra os palestinos de Gaza, a situação corre o risco de desembocar em uma catástrofe humanitária sem precedentes, que tem como único responsável o governo israelense", disse Yusef.

A UNRWA interrompeu na quinta-feira sua distribuição de alimentos entre 650 mil palestinos após o fim da suas reservas de diesel, o que impede o funcionamento de seus caminhões.

Israel deixou de fornecer combustível à Faixa de Gaza depois de um ataque palestino, em 9 de abril, contra o terminal de Nahal Oz, único posto de fronteira para o transporte de combustível entre a Faixa de Gaza e Israel.

O governo israelense afirma que não pode entregar combustível para Gaza porque as reservas do lado palestino estão cheias.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

A covardia de Israel.

Soldados israelenses amarram menino Palestino para servir de escudo humano.
As atrocidade do estado de Israel são aberrantes, assim como a ONU é inútil, já que não é capaz de punir efetivamente Israel e sua ideologia racista, o sionismo.

terça-feira, 22 de abril de 2008

A mídia terrorista do Brasil atua contra camponeses.


No Brasil as coisas são assim.

Em Rondônia, um dos Estado mais violentos do país, onde pistoleiros, esquadrões da morte, formados por policiais militares e paramilitares atuam livremente para defender os interesses de grandes fazendeiros, ligados aos políticos da capital Brasília.
Nos últimos tempos vem sendo escondido do público nacional e internacional a perseguição aos acampamentos de camponeses sem-terra. Devido ao grande número de assassinatos de militantes sem-terra, os camponeses decidiram pelo uso de camisas e máscaras para preservar a identidade dos camponeses... devido a esses "rostos tampados" encapuzados, os poderosos do Pará montaram uma campanha contra os sem-terra, os acusando de estarem montando uma guerrilha. A imprensa empresarial de Rondônia faz tempo promove uma campanha contra a LCP (Liga dos Camponenes Pobres) ligada à Liga Operária, os acusando de promover a luta armada. A pouco tempo, uma revista de circulação nacional, que não é a revista Veja, mas é séria candidata a substitui-la como a" imprensa da direita" (isso porque a Veja chegou ao limite da decadência, inclusive suas vendas caem vertiginosamente), estamos falando da revista Isto É, que publicou reportagens , igualmente enganosas, chamando a LCP e seus camponeses de guerrilheiros. O que aconteceu ? Dias depois ocorre uma chacina de camponeses sem-terra da LCP em Campo Novo, cerca de 100 paramilitares pagos pelos fazendeiros e fortemente armados, mataram 15 pessoas, inclusive uma mulher grávida. No momento do ataque outras famílias de camponeses sairam fugindo, deixando suas posses no acampamento, e estão a dias na beira de estradas. Os corpos foram ocultado pelos paramilitares e como um verdadeiro teatro, quando as autoridades foram lá não encontraram nada, e disseram a todos que não tinham ocorrido massacre nenhum.

Quer dizer, o Brasil além de promover matanças, oculta seus mortos, os escondem.

nestes links vc poder ver vídeo sobre a LCP.
O primeiro foi produzido pelos camponeses e o segundo é uma defesa contra a acusação de guerrilha em uma reportagem de uma TV local de Rondônia.

vídeo 1

vídeo 2

terça-feira, 15 de abril de 2008

Em defesa da Erva (Marijuana, Maconha, Cannabis, Ganja e etc).


Um dos grandes absurdos ocorrido no Brasil nas últimas semanas foi a repressão ao debate sobre a maconha no Instituto de Geociências da UFMG. A reitoria de forma imbecil chamou a PM para impedir a exibição de um filme que tratava sobre o assunto...Uma prática autoritária e burra tentar impedir qualquer debate no seio da universidade, vai contra a propria ideia de universidade e quando o assunto é sobre a referida planta cannabis sativa, o absurdo toma uma dimenção bem maior.

Vamos então refletir o por que de tanta perseguição à uma simples planta, concebida pela natureza como tantas outras.

Em primeiro lugar a Cannabis Sativa sempre foi vista por maus olhos pela sociedade cristã européia. Não sendo uma planta natural da Europa, é uma planta dos trópicos, que só nasce no terceiro mundo...logo estes mesmos europeus não a conheciam, muito menos os seus usos.

No período dos governos islãmicos na Península Ibérica começou a ocorrer um maior contato cultural entre os povos, e a Peninsula Ibérica foi presenteada com a presença árabe por quase mil anos, e os árabes diversificaram e completaram a cultura ibérica, na linguagem, nas técnicas agrícolas, ensinaram aos portugueses e espanhóis inúmeras formas de irrigação e cultivo de plantas, como a oliva, donde os árabes ensinaram aos portugueses extrair o azeite (al zeit) , por exemplo.
A ocupação árabe não foi caracterizada pela violência contra os cristãos, não havia obrigação de se converter ao islamismo, ao contrário das colonizações cristãs nas Américas, que estariam mais caracterizadas pelo genocídios de etnias e visões de mundo fora do eixo cristão/católico. Dentre os hábitos desses "mouros" na Península Ibérica existia o de fumar o haxixe, palavra oriunda de haxixins, assassinos, referente aos muhajedins, guerreiros islâmicos, que utilizavam a planta. Os islâmicos sendo vistos como infiéis tudo que deriva-se de seus costumes também era considerado profano, como o próprio hábito de fumar o haxixe, que era visto com maus olhos pelos cristãos. Porém o uso e plantio do cânhamo na Península Ibérica pelos árabes introduziu uma nova e eficiente matéria-prima para a produção de panos, estopas, calçados e etc.

Como vemos, em primeiro lugar, desde Portugal, o haxixe já era discriminado por ser associado aos árabes, aos africanos, aos de pele morena e infiéis de outras religiões. Apesar do fim da ocupação árabe, o hábito de fumar o haxixe se difundiu e se estabeleceu, como o consumo do azeite que também foi introduzido pelos árabes em Portugal, até porque mil anos de ocupação não é um ano e nem cem, são mil anos, e muitos ali começaram a gostar de fumar a erva, assim como de planta-la. Um hábito relegado aos marginais e às zonas excluidas e rebelde da sociedade cristã, que rejeitou a maconha e abençoou outra droga, o álcool, a partir do vinho, o "sangue de Cristo".
Nós brasileiro somos formados, entre outros povos, por portugueses, povo oriundo de uma miscigenação entre os europeus mediterrâneos e os norte-africanos. No Brasil carregamos a cultura árabe no alfabeto (palavras que começam com "Al": alfaiate, alface, almoxarifado, alfabeto, alfãndega e etc ), na forma de vestir, nos rostos morenos e cabelos pretos, nos bigodes, nos Arabescos tão presentes em nossas janelas e portões (os ferreiros eram mouros em Portugal !), no machismo que enclausura as mulheres em casa e que admite a traição masculina, no uso dos véus, ainda presente nos sertões de nosso país, nas senhoras católicas, e a própria imagem de Maria, predomina o uso do véu ... nos azulejos trabalhados e enfeitados dos butequins e banheiros e cozinhas, além da própria culinária portuguesa . Como todas essas heranças, o uso do haxixe é uma delas, a muitos anos nossos antepassados fumavam cannabis, e não iremos parar de fumar, nem que o Estado proíba...a cultura e o viver são mais forte do que qualquer exército armado. Por isso que essa guerra contra a maconha, a OTAN já perdeu.

Somos uma nação com uma diversidade humana predominante e estabelecida, outros povos também já utilizavam da cannabis sativa antes de chegarem às estas terras. A cannabis não crescia apenas no norte da África, mas na África central e no sul da África também, e algumas etnias, como os Bantu da Angola também a utilizavam, e ali era chamada "maconha", uma palavra de origem Bantu, como muitas outras hoje no Brasil (macumba, bunda, angu, caçamba, caximbo, calunga e etc) este foi o nome que a planta recebeu aqui no Brasil. Nos EUA ela é chamada "marijuana", como referência aos mexicanos...os nomes sempre associados aos grupos não dominantes da sociedade. Sendo os Bantu escravos, oprimidos pela sociedade branca, tudo de seu universo deveria ser banalizado e perseguido, como sua religião e o uso da própria maconha, que segundo Gilberto Freyre, vieram as sementes nas tangas usadas pelos escravos, na difícil travessia do Atlântico. E como o sociólogo pernambucano afirma, o uso da maconha resiste à desafricanização forçada por governos brancos conservadores, que estimulavam a imigração européia no século XX para "embranquecer" o Brasil...a África continua, na pele, na religiosidade, no "se por para o mundo" e no orgulho black contemporâneo.
No candomblé os Orixás são relacionados cada um à algumas ervas, e ao Exu estava associada a maconha, como uma forma mística de transcendência, porém para evitar as batidas policias os candomblés acabaram por abandonar o ritual com a erva, a planta de Exu. Os Candomblés eram proibidos no século XX, a capoeira era proibida também, o uso da maconha até hoje, ou seja, era proibido ser qualquer coisa que não fosse seguir o parâmetros eurocêntricos.
O cultivo e o culto da Cannabis se estende da África à Índia, e na religiosidade hindu a maconha também é associada à Shivas, o Deus do Caos e da transformação, como o próprio Exu...são deuses que destroem o mundo para reconstruí-los depois, sobre outros parâmetros...essa visão para o monoteísmo era absurda, logo estes deuses caóticos foram tidos como demônios. O haxixe era usado para alcançar a transcendência entre os faquires islâmicos, era a união total com Deus e com o Cosmos. Os Rastafaris da Jamaica, baseados em um culto que surge na Etiópia, trazia do Velho Testamento Hebreu os argumentos para o uso da erva, e interpretavam que no gênises estava escrito que Deus fez a natureza "os rios , os animais, e as ervas para os homens se servirem delas"...Tudo depende do ponto de vista.

O atual preconceito e discriminação do usuário de maconha(o maconheiro), antes de qualquer preocupação com a saúde, está explicado e baseado em anos e séculos de História de conflitos e guerras entre a sociedade cristã européia e outras sociedades que teriam outras formas de vida e de hábitos. O combate conservador ao uso da maconha ainda pode ser visto, arqueologicamente, como resquício das cruzadas contra os árabes, "mouros" e "maometanos"... no policial que agride um usuário, está ali, no fundo, uma agressão baseada na história moral de nossa sociedade em sua relação com os não-brancos.

A repressão (baseada em história e cultura) hoje à maconha nos remete a vários interesses diferentes dos poderosos, desde a manutenção da produção de armas por parte da indústria bélica norte-americana, que alimenta combates ferrenhos na selva colombiana e nas periferias do Rio de janeiro ou da Cidade do México e de qualquer cidade Latino-Americana.
A fibra resistente do Cânhamo, que vem da maconha, poderia vir a servir como matéria-prima concorrente aos produtos derivado de petróleo, que são muitos... inclusive como bio-combustível (porém somos contra os latifúndios !).
Sem falar que, o uso da maconha, ainda serve às democracias burguesas como forma de repressão indireta aos guetos e periferias, pois lá estão os revoltosos, e se não tem motivos para prendê-los e manter uma vigilância constante, então utiliza-se o "combate às drogas" para manter a polícia eternamente ocupando as comunidades pobres.

Referências bibliográficas:

Cascudo, L. Câmara; Dicionário do Folclore brasileiro;Ed.
Bastide, Roger, O Candomblé da Bahia: rito nagô;Cia das Letras, São Paulo
Bey, Hakim; T.A.Z.: Zona Autônoma Temporária, Col. Baderna
Freyre, G. Casa grande & Senzala;
Freyre, G. Sobrados e Mucambos;
Gabeira, F. A Maconha (folha explica);
Hadadd, J. A.; O que é Islamismo.
Revista Super- Interessante; agosto; 2002 , "A Verdade Sobre a Maconha". Leia a reportagem Clickando aqui: superinteressante

domingo, 13 de abril de 2008

Polícia Federal na captura


A Polícia Federal tá pressionando para que seja aprovado um projeto de lei que permite pegar informações de usuários, através do provedor, quando este mesmo órgão repressor achar que ali existe pedofilia.
No Orkut os usuário estão perdendo à privacidade, os álbuns fechados serão quebrados pela PF, sem a necessidade de autorização judicial, é só dá na cabeça deles. Este é o início da vigilância pesada no ciberespaço por parte do Estado. A pedofilia é a desculpa principal para o fim de nossa privacidade.
Nada impede que os usuário pedófilos procurem outros sites de relacionamentos, além do Orkut, fora da alçada das leis brasileiras. Isso tudo é desculpa para repressão aos indivíduos que se colocam contra a ordem, principalmente os ativistas de movimentos sociais e organizações políticas de esquerda.

sábado, 12 de abril de 2008

Autonomia Estudantil : Exemplo para outras categorias...



O movimento estudantil no Brasil está voltando com força total, e desde o ano passado vem realizando ações significativas. Em 2007 ocorreu a histórica ocupação da reitoria da USP contra os corte de verba do governo José Serra em São Paulo, além das ocupações na Unesp de Araraquara e da Fundação Santo André que foram reprimidas pela polícia militar.
Neste ano de 2008 tivemos a invasão da UFMG por parte da polícia, a mando da direção, para reprimir a exibição de um filme sobre a maconha, um ato horrível porque a universidade é o local apropriado para se debater a questão sobre a a legalização da maconha.
Na UNB em Brasília estamos vivendo a ocupação da reitoria por parte dos estudantes, pedindo a saída do reitor devido às denúncias de corrupção...parece que o cara começou a cair.

Nos últimos anos a UNE encontra-se aparelhada pelo governo do PT através do PC do B, blindando qualquer manifestação contra o governo federal, porém os estudantes estão buscando outros caminhos de forma autônoma, esse é o jeito... já que a burocracia tomou conta da UNE. Outras categorias poderiam seguir este exemplo, principalmente os professores da Apeoesp em São Paulo, o maior sindicato da América Latina encontra-se extremamente burocratizado pelas chapas governistas da Cut, e sem a menor capacidade moral de mobilizar o professorado contra as medidas neoliberais do governo Serra, e o que é pior, as chapas de oposição, como a Oposição Alternativa (Conlutas) não aprofunda a crítica à este nível, de buscar a autonomia para a categoria, está mais preocupada em conquistar os aparatos do sindicato.
A dita "oposição" quer ocupar a mesma posição da chapa Cutista, apenas trocando a burocracia....não são uma Oposição Sindical, e sim uma chapa de oposição. A Oposição Sindical, antes de ocupar cargos, se preocupa em organizar os trabalhadores em seus locais de trabalho, com plena participação da base, democracia direta, e organizando um fundo de greve. A chapa de oposição é uma possibilidade eleitoral de mudança dos cargos do aparato, mas não significa maior participação e maior concientização e mobilização para as greves por parte do professores que estão todos os dias nas escolas públicas do estado, e com um sindicato do jeito que está, sem menor ânimo para se mobilizarem.

A Internacional Underground

A letra da "A Internacional" se encaixa como uma luva no discurso underground contemporâneo.


"A Internacional" em rítmo de Punk Rock (Garotos Podres)

"A Internaciona" na versão RAP (Calibre Forte)

Da Rádio Revolutas






"A Internacional"



De pé ó vítimas da fome

De pé famélicos da terra

Da idéia a chama já consome

A crosta bruta que a soterra

Cortai o mal bem pelo fundo

De pé, de pé, não mais senhores

Se nada somos em tal mundo

Sejamos tudo ó produtores.



Refrão:

Bem unidos façamos

Nesta luta final

Uma terra sem amos

A Internacional



Senhores patrões chefes supremos

Nada esperamos de nenhum

Sejamos nós que conquistemos

A terra mãe livre comum

Para não ter protestos vãos

Para sair deste antro estreito

Façamos com nossas mãos

Tudo o que a nós nos diz respeito.



Refrão



O crime do rico a lei o cobre

O Estado esmaga o oprimido

Não há direito para o pobre

Ao rico tudo é permitido.

À opressão não mais sujeitos

Somos iguais todos os seres

Não mais deveres sem direitos

Não mais direitos sem deveres



Refrão



Abomináveis na grandeza

Os reis da mina e da fornalha

Edificaram a riqueza

Sobre o suor de quem trabalha.

Todo o produto de quem sua

A corja rica o recolheu

Querendo que ele o restitua

O povo quer só o que é seu.



Refrão



Nós fomos de fumo embriagados

Paz entre nós guerra aos senhores

Façamos greve de soldados

Somos irmãos trabalhadores.

Se a raça vil cheia de galas

Nos quer à força canibais

Logo verá que nossas balas

São para os nossos generais



Refrão



Pois somos do povo os ativos

Trabalhador forte e fecundo

Pertence a terra aos produtivos

Ó parasita deixa o mundo.

Ó parasita que te nutres

Do nosso sangue a gotejar

Se nos faltarem os abutres

Não deixa o sol de fulgurar

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Presos Políticos Zapatistas em Greve de Fome


Nas cadeias de Chiapas há cerca de 100 pessoas presas por razões políticas. Há dois anos, partindo da convocatória da Outra Campanha Zapatista, os presos e presas políticas da unidade El Amate, todos e todas indígenas Tzotziles y Tzeltales, se organizaram para exigir a liberdade. A maioria deles integra a organização "Voz del Amate".

No dia 12 de Fevereiro, um preso político iniciou uma greve de fome, em protesto contra o fato do governador de Chiapas ter desmarcado uma reunião na qual iam discutir o caso desses/as presos/as politicos/as. Atualmente, são 22 os que estão em greve de fome, em busca de liberdade incondicional, além de outros 6 que apóiam o jejum de 12 horas diárias.

A solidariedade internacional é fundamental em mais esse momento de repressão a lutadoras e lutadores sociais no México. Toda e qualquer manifestação de apoio será importante para fortalecer a luta por liberdade dos presos políticos em Chiapas.


fonte:CMI
informações sobre os presos:
ENLACE ZAPATISTA

Hio Hop Rio - " O Levante"



"O Levante" é um dos grupos de rap mais críticos do Brasil, em suas letras referências ao desemprego, ao racismo, à Carlos Lamarca, Panteras Negras e etc.
Participaram do encontro de negros e negras da Conlutas em novembro de 2007 , realizado em São Gonçalo -RJ.
Muito bom.

Marcha Mundial da Maconha




AGlobalMarijuana March (GMM) ou Marcha Mundial da Maconha acontece todos os anos desde 1999 e foi criada pela ONG Cures-not-War. Essa iniciativa vem conseguindo estimular ativistas, usuários, estudiosos, políticos e outros interessados no tema, em centenas de cidades ao redor do mundo a promoverem passeatas, manifestações e diversos outros tipos de intervenções culturais, acadêmicas e políticas buscando a criação de espaços para o debate público em torno das legislações e políticas públicas relacionadas à planta Cannabis sativa e seu consumo.

A primeira edição em uma cidade no Brasil ocorreu em 2002, na cidade do Rio de Janeiro. Nos anos seguintes, ocorreram eventos realizados em Recife, Rio de Janeiro, Porto Alegre e São Paulo, e em 2006 as edições locais da GMM aconteceram também em Curitiba e Florianópolis. No final de 2006, um grupo de indivíduos e organizações passaram a se articular e compuseram o coletivo atualmente denominado Marcha da Maconha Brasil. Esse grupo conta com a participação e o apoio de mais de 13 organizações e coletivos ligados ao tema. Além de serem responsáveis pelas edições do evento em 7 cidades brasileiras em 2007, essa organização possibilitou que os eventos pudessem também contar com discussões acadêmicas além das passeatas. Para 2008, mais de 200 cidades em 5 continentes confirmaram estar organizando eventos ligados à GMM e no Brasil 12 cidades confirmaram participação e foram incluídas na programação (Cuiabá, Curitiba, Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, João Pessoa, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo, Santos). Nessas cidades ocorrerão passeatas, manifestações culturais, exibição de vídeos, debates, palestras e seminários, procurando promover um amplo espaço e democrático para a discussão das políticas sobre drogas no país.

A Marcha da Maconha Brasil não é um evento de cunho apologético, nem seus organizadores incentivam o uso de maconha ou de qualquer outra substância ilícita, ou mesmo a prática de qualquer crime. Procuramos respeitar não só o direito à livre manifestação de idéias e opiniões, mas também os limites legais desse e de outros direitos civis. Essa mensagem serve para informar às autoridades competentes sobre a realização do evento, para que possam ficar informadas a respeito e caso necessitem de maiores informações saibam como contatar os organizadores.

Crimes em Oaxaca

Dia 7 de abril de 2008, no estado Mexicano de Oaxaca, ocorreu o assassinato de duas locutoras de, 21 e 24 anos, da rádio "lá voz que rompe el silencio". Além das mulheres mais algumas crianças ficaram feridas no atentado.
Como no Brasil, a repressão de grupos para-militares age a vontade no México, e com a complacência do estado burguês que nada faz para mudar esse cenário de violência bestial contra a humanidade.

O grupo havia saído para fazer uma reportagem, gravar as pessoas.
Eram comunicadores indígenas que cumpriam um cargo encomendado pelas autoridades comunitárias.

Esparza concluiu expressando que "é uma pena que ninguém tenha atendido as denúncias que vínhamos fazendo sobre a situação crítica que vive a região desde uns cinco meses". Os fatos se somam ao contexto de insegurança e confrontação política que tem caracterizado essa região, logo após que em janeiro de 2007 as autoridades comunitárias e organizações do povo trique, declararam a criação do município autônomo de San Juan Copala, a 350 km da capital do estado. Esse episódio lamentável se soma à grande lista de ataques perpretados contra os/as comunicadores/as em Oaxaca, como resultado das condições de insegurança a qual essas pessoas se vêem obrigadas a exercer a liberdade de expressão e de imprensa. Essa situação se agrava mais ainda quando se trata das rádios comunitárias. Como exemplo, os casos de agressão aos membros da Rádio Nanda e Rádio Calenda, também com sede no estado de Oaxaca, ainda permanecem impunes.
fonte: CMI

Mais um massacre covarde contra camponeses pobres no Brasil

Denúncia gravíssima; Massacre de Camponeses em Rondônia

Na região do município de Campo Novo, em Rondônia, na manhã do dia 9 de abril, camponeses foram massacrados por jagunços encapuzados. Há noticias de mais de 15 camponeses mortos, inclusive uma mulher grávida. Todos pertences dos acampados foram queimados. Jagunços estão impedindo entrada de entidades democráticas no acampamento. Imprensa do latifúndio instigou o massacre e autoridades do governo Cassol são cúmplices.

Contra a criminalização do Movimento Camponês

Reproduzimos nota urgente divulgada pela Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia
DENUNCIA GRAVÍSSIMA
MASSACRE DE CAMPONESES EM

Na manha de hoje,dia 09 de abril, mais de 100 jagunços fortemente armados e encapuzados,invadiram o acampamento conquista da união localizado na br 421 km 140,municipio de campo novo de Rôndonia.
Os jagunços e policiais cercaram o acampamento e foram atirando em todos que ali se encontravam.Segundo informações passadas por um camponês que conseguiu escapar, cerca de 15 pessoas incluindo uma mulher grávida foram assassinadas brutalmente e outras apanhadas como refém.20 motos e todos pertences dos acampados foram queimados.
A Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia-LCP- vinha denunciando há várias semanas a preparação de um massacre de camponeses sem-terra naquela região do estado.Toda a campanha orquestrada pela grande imprensa de Rondonia e do país,em especial o jornal Folha de Rondonia e a revista Istoé , em que acusava a lcp e os camponeses daquela região de ser ?guerrilheiros?, ?ligados as farc?,etc, sendo esses mesmos órgãos de imprensa apresentavam os pistoleiros dos latifundiários como ?trabalhadores?.Tudo isso era para tentar justificar este massacre que estava em adiantada preparação conforme denunciamos inúmeras vezes.Esta imprensa é culpada pelo sangue derramado destes camponeses.
Tão logo ocorreu o massacre ligamos para a Policia Federal que disse apenas que isso não era de sua jurisdição e não podia fazer nada.O secretário de segurança pública César Pizzano disse que para ir no local onde estavam os mortos ?precisava de um boletim de ocorrência primeiro??!!.Isso mostra a cumplícidade destes orgãos neste massacre sendo que os mesmos há pouco também acusavam os camponeses de ?guerrilheiros?.
A liga dos camponeses não descansará enquanto os responsáveis por este massacre não forem punidos e a terra destes camponeses não for cortada.

Liga dos Camponeses Pobres de Rôndonia

fonte: http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2008/04/416922.shtml

Os Black Blocks e os Autonomistas europeus.



Por Struggle, um autonomista americano


“Aqueles que possuem autoridade, temem a máscara pelo seu poder em identificar, rotular e catalogar comprometido: em saber quem você é... Nossas máscaras não servem para esconder ou ocultar a nossa identidade, mas para revelá-la... Hoje nós devemos dar um rosto a essa resistência; colocando nossas máscaras mostramos a nossa união; e levantando as nossas vozes nas ruas, nós botamos pra fora toda a raiva contra os poderosos sem rosto...” (Tirado de uma mensagem impressa dentro das 9000 máscaras distribuídas no “Carnaval Anticapitalista” do dia 18 de junho de 1999, que destruiu o distrito financeiro central de Londres).


Nos protestos contra a OMC em Seattle ano passado [1999], havia entre 100 e 300 militantes (anarquistas e outros) vestidos de preto, que literalmente demoliram as vitrines das odiosas corporações multinacionais. Desde então, a tática do Black Bloc vem despertando o interesse e chamando a atenção de diferentes pessoas preocupadas com transformação social. Todos os setores da classe média alta, progressistas e liberais, tem pregado moralmente, à grande distância, sobre como não existe vez para tal comportamento no movimento deles. Ao mesmo tempo, o Black Bloc em Seattle inspirou e renovou o interesse nas táticas militantes, as quais não aceitam autoridade e nem baixam a cabeça perante o seu poder. O Black Bloc N30, junto com muitos outros aspectos dos eventos de Seattle, tem inspirado também anarquistas radicais a parar de se esconder dentro de grupos ativistas liberais com pautas reformistas, e começar a ter mais voz ativa nas suas exigências pela revolução e total transformação social. Além da rápida proliferação de organizações e publicações anarquistas, está clara a evidência do ressurgimento do anarquismo nos EUA, que pode ser vista nos Black Blocs maiores, os quais estavam presentes no dia 16 de abril em Washington DC, na Assembléia Nacional dos Republicanos e Democratas, neste verão. Pra bem ou pra mal, parece que no último ano, o Black Bloc virou uma tradição americana, e tudo começou com aqueles bravos garotos e garotas em Seattle...

Será? De fato, aquele 30 de novembro esteve longe de ser a primeira vez que um grande grupo de radicais vestidos de preto, com máscaras pretas, estiveram prontos para se empenhar na militância com solidariedade e anonimato. O Black Bloc como uma associação pra estratégia em protesto pode ter mais de 20 anos. Sua origem, de fato, vem dos Autônomos europeus, um movimento social radical que não necessariamente se proclamou anarquista, mas muitas das suas táticas e idéias tem se tornado bem apreciadas e adotadas pelos autoproclamados anarquistas.

Sobre autonomia


Autonomia, autônomos, ou autonomistas têm sido os nomes usados por vários movimentos populares de transformação social e contra-cultura na Itália, Alemanha, Dinamarca, Holanda e outras partes da Europa nas últimas três décadas. Todos esses diferentes movimentos têm procurado se opor radicalmente à autoridade, dominação e violência, onde quer que ela exista na vida cotidiana (ou seja, em quase todo lugar). Autonomia, neste caso, não significa um tipo de superioridade complexa regional, ou isolamento, como o nacionalismo, estatismo... Também não significa autonomia individual às custas da maioria, como existe na base do capitalismo. O que os autônomos valorizam e desejam, é a liberdade para os indivíduos que escolheram outros com os quais possa dividir afinidades, e unir-se com eles para sobreviver e preencher todas as necessidades e desejos coletivamente, sem interferência da ganância, indivíduos violentos ou enormes burocracias desumanas.

Os primeiros assim chamados autônomos foram os indivíduos envolvidos no movimento Autonomia Italiana, que começou no quente verão de 1969, uma época de intensa inquietação social. Através da década de 70, um grande movimento pela transformação social total era formado na Itália pelos grupos autônomos de operários, mulheres e estudantes. Capitalistas, sindicatos e a burocracia estatista do Partido Comunista não tinham nada a ver com esse movimento, e de fato, deram duro para reprimi-lo e pará-lo.

Ainda, a estrutura do poder estava, freqüentemente, prejudicada em como lidar com a recusa completa, de vários setores da população, a obedecer às ordens das autoridades. Apesar da rápida proliferação da ação direta, greves moratórias, ocupações de massa, batalhas urbanas, ocupações de universidades e outras ações radicais popularmente apoiadas durante a década de 70, o movimento dos italianos “acalmou-se”. Isto era, em parte, devido aos ataques violentos, prisões e assassinatos de radicais pela polícia e pelo aparato centralizador do Partido Comunista. Ao mesmo tempo, a reação à esta escala de violência estatal era, freqüentemente, a escolha do terrorismo pelos grupos de guerrilha urbana radical. O terrorismo, mesmo em autodefesa, muitas vezes serviu para afastar as pessoas do movimento público de transformação social. Alguns escolheram se tornar mais militantes e reservados enquanto outros abandonaram a política, para viver uma aparente pacífica vida de obediência à autoridade.

Construindo o poder de enfrentamento revolucionário - A cultura dos autônomos


Apesar do potencial revolucionário do Autonomia Italiana de 70 ter sucumbido, sua agitação, confiança e “atrevimento” serviram de inspiração para os jovens da Alemanha Ocidental de 1980. Inspirados também pelo movimento squatter de Amsterdam e as organizações jovens na Suíça, Alemanha e outras cidades maiores, começaram a formar a sua própria cultura autônoma com grupos sociais baseados na resistência radical e formas de vida alternativas. A direção e a composição da organização radical na Alemanha Ocidental de 1980 era em parte determinado pelo domínio da recessão econômica e os caminho que ela seguiu. Por causa das conexões bem-estabelecidas entre os industriais e o governo alemão, os efeitos da recessão não foram tão sentidos pelos blue collar workers, mas pelos jovens que acharam impossível assegurar trabalho e moradia, e, que antes haviam se mudado da casa dos pais e se tornaram economicamente e socialmente “independentes”.

Conseqüentemente, os motivos para a mobilização da juventude autônoma incluíram abalar o conformismo da sociedade rural alemã e da família nuclear, sérias deficiências domésticas, alto desemprego – bem como o status ilegal de aborto e planos governamentais para a expansão massiva do poder nuclear. Como resultado da recessão econômica e visitas aos subúrbios, no fim de 1970, enormes regiões prediais residenciais, em diferentes cidades interioranas alemãs, especialmente na Alemanha Ocidental, foram abandonadas pelos empreendedores e as agências do governo. Ocupar esses prédios era uma opção viável para os jovens empobrecidos que procuravam independência da casa da família nuclear. Comunidades squatters cresceram na vizinhança de Kreusberg, em Berlim; os squats de Haffenstrasse, em Hamburgo; e em outros pontos de concentração. A pedra angular dessas comunidades era a vida em comum, e a criação de centros sociais radicais: infoshops, livrarias, cafeterias, lugares de encontro, bares, galerias de arte, e outros espaços multivalentes, onde as raízes políticas artísticas e culturais são desenvolvidas como uma alternativa para a vida da família nuclear, utopias de TV, e “cultura” pop de massa. Desses espaços sociais seguros, cresceram maiores iniciativas radicais para lutar contra o poder nuclear, ou centralizador; destruir a sociedade patriarcal e os papéis de gênero; mostrar solidariedade com os oprimidos do mundo atacando corporações multinacionais européias ou instituições financeiras como o Banco Mundial; e depois da reunificação alemã, lutar contra o crescente neonazismo.

Iniciativas semelhantes para uma vida alternativa como resistência estavam acontecendo nos anos 80 (e em alguns lugares, bem antes) na Holanda, Dinamarca, e qualquer lugar da Europa Setentrional. Eventualmente, todas essas vivências norte-européias em grupos sociais descentralizados, os quais estavam dedicados a criar uma sociedade não-coercitiva e anti-hierárquica, tornaram-se rotulados como “autônomas”. Com o tempo, as idéias e táticas autonomistas também migraram através da reunida Cortina de Ferro européia. Eu, pessoalmente, tenho visitado centros sociais autônomos radicais na Inglaterra, Espanha, Itália, Croácia, Eslovênia e República Tcheca.

Repressão linha dura, resistência militante e o Black Block


Desde o começo, a Alemanha Ocidental não encarou bem os jovens autônomos, quer quando eles estavam ocupando usinas nucleares ou prédios desabitados. No inverno de 1980, o governo da cidade de Berlim decidiu reprimir duramente os milhares de jovens squatters pela cidade: eles decidiram incriminá-los, atacá-los e despejá-los nas ruas geladas do inverno. Essa foi uma ação muito mais chocante e diferente na Alemanha, do que seria nos EUA, e teve como resultado o repúdio e condenação da polícia e do governo pela opinião pública. De 1980 em diante, houve um ciclo crescente de prisões em massa, batalhas urbanas, e novas ocupações em Berlim e no resto da Alemanha. Os autônomos não estavam assustados, e cada despejo era respondido como novas ocupações. Quando os squatters de Freiburg foram presos, passeatas e manifestações os apoiaram, e, condenaram a política de despejo da polícia estatal, em quase todas as grandes cidades do país. Naquele dia, em Berlim, posteriormente chamado “sexta-feira negra”, 15.000 a 20.000 pessoas tomaram as ruas e destruíram uma área de consumo da classe média alta. Esse era o caldeirão fervente de opressão e resistência, do qual o Black Bloc surgiu...

Em 1981, o governo alemão começou a legalizar certo squats, numa tentativa de dividir a contra-cultura e marginalizar os segmentos mais radicais. Mas, essas táticas eram lentas demais para pacificar o movimento popular radical – especialmente, desde 1980-81. Não só se havia visto tamanha brutalidade contra os squatters, mas, além disso, a maior mobilização policial da Alemanha desde o III Reich, com o objetivo de atacar manifestantes não-violentos na “livre república de Wendland”, um acampamento de 5.000 ativistas que bloqueavam a construção da usina Gorlebein de lixo nuclear. Mesmo anteriormente, ardentes pacifistas haviam sido radicalizados pela experiência da violenta repressão policial contra diversos squats e ocupações.

Em resposta à violenta repressão estatal, os ativistas desenvolveram a tática do Black Bloc: eles foram protestar e marchar, usando capacetes pretos de motoqueiros, máscaras de esqui, e vestindo-se de preto (ou, para os mais preparados, estofamento de espuma e botas com ponta de aço, carregando seus próprios escudos). No Black Bloc, os autônomos e outros radicais poderiam se defender ou desviar, mais eficientemente, dos ataques policiais; sem serem reconhecidos como indivíduos, evitando prisões e batidas posteriores. E, como todos rapidamente perceberam, ter um grupo grande de pessoas, todas vestidas com a mesma cor de roupa, com os rostos cobertos, não só ajuda a escapar da polícia, mas também deixa mais fácil a tarefa dos sabotadores em destruir vitrines, bancos, e muitos outros símbolos materiais do poder do capitali$mo e do Estado. Nesse sentido, o Black Bloc é uma forma de militância que alivia a problemática entre desobediência civil não-violenta e, sabotagem e “terrorismo” guerrilheiro.

Realizações do Black Bloc e da resistência autônoma


Black Blocs, militância autônoma e resistência popular ao Estado-polícia e à Nova Ordem Mundial se espalharam entre os europeus nos anos 80. Apesar dos radicais holandeses não se intitularem autônomos desde o começo (até 1986), os ativistas contraculturais holandeses dividiram táticas, organizaram estruturas e militâncias com os auto-proclamados Autônomos. O movimento squatter da Holanda realmente começou em 1968, e por volta de 1981, mais de 1000 casas e apartamentos foram ocupados em Amsterdam, e havia por volta de 15000 squats no resto do país. Restaurantes, bares, cafés e centros de informação ocupados eram lugar comum, e os organizados squatters (costumeiramente chamado kraakers) tinham seu próprio conselho para planejar a direção do movimento e sua própria estação de rádio. Contudo, mesmo quando alguns autônomos holandeses se recusaram a usar máscaras de esqui enquanto estavam no Black Bloc, isso não quer dizer que o movimento deixou de ser militante. Um livro sobre o movimento squatter holandês mostra que “desde o início havia existido uma ‘brigada de capacetes pretos’, a qual parecia ter entrado numa batalha”. Batalhas nos despejos dos squats de Amsterdam, freqüentemente, mostravam a construção de enormes barricadas e, squatters encurralados arremessando mobília e outros projéteis, de vários tamanhos e formatos, pelas janelas, visando abater a polícia. Nos anos iniciais, existiam certos limites para o uso da violência, a qual os squatters usariam para retaliar os ataques policiais. De qualquer maneira, em 1985, quando um squatter chamado Hans Kok morreu sob custódia policial, ao ser preso durante um brutal despejo e evacuação, os limites foram superados. Seguindo as notícias de sua morte, uma noite de ávida destruição reinou em Amsterdam, e mesmo carros da polícia foram queimados em frente de vários distritos. Um squatter disse:

“Todos tinham a idéia, agora nós usaremos dos últimos meios, apenas antes das armas mesmo: Molotovs... todos caminhavam com molotovs em seus bolsos, todos tinham garrafas cheias com gasolina... Era o novo método de ação direta”.

Apesar da morte de Hans Kok e da resposta á altura terem tido um efeito negativo sobre o movimento, a nova estratégia se mostrou útil em alguns meios ativistas. Em 1985, o grupo holandês Ação Anti-racista (RARA), fez uma campanha bem-sucedida forçando a rede de supermercados holandeses MARKO a sair da África do Sul: a campanha foi realizada através de numerosos bombardeios, extremamente caros e danosos para as lojas e escritórios da MARKO.

Na Alemanha, em 1986, crescentes ataques policiais e tentativas de despejo, contra um complexo de casas ocupadas em Hamburgo, chamada Haffenstrasse, foram recebidas pela contra-ofensiva marcha de 10000 pessoas, entre elas, no mínimo, 1500 do Black Bloc, carregando uma faixa enorme que dizia: “Construa o poder de enfrentamento revolucionário!”. No fim da passeata, o Black Bloc foi capaz de levar a cabo vitoriosamente uma batalha de rua, na qual a polícia bateu em retirada. No dia seguinte, 13 lojas de departamentos foram queimadas, causando um prejuízo de $10 milhõe$ de dólare$. Naquele mesmo ano, o desastre de Chernobyl trouxe uma nova onda de manifestações contra a construção de novas usinas nucleares na Alemanha. Um relato dessas manifestações antinuclear mostrou: “essas cenas lembram uma ‘guerra civil’; capacetes, Autônomos e anarquistas armados com estilingues, molotovs e maçaricos colidiram brutalmente com a polícia, a qual usou canhões d’água, helicópteros e gás CS (oficialmente banido para uso em civis)”. Em junho de 1987, quando Ronald Reagan foi à Berlim, cerca de 50000 pessoas se manifestaram contra a Guerra Fria, incluindo 3000 pessoas do Black Bloc. Um par de meses depois, os ataques policiais à Haffenstrasse se intensificaram novamente. Em novembro de 1987, moradores e milhares de outros autônomos fortificaram o complexo, construíram barricadas nas ruas e lutaram contra a polícia cerca de 24 horas. No fim, a cidade decidiu legalizar as residências ocupadas.

Mais de 10 anos antes de Seattle e o protesto contra a OMC, os autônomos mobilizaram um evento semelhante com um grande grupo de resistentes. Em setembro de 1988, o Banco Mundial e o FMI se encontraram em Berlim. Os autônomos se valeram deste encontro como foco para a resistência mundial contra o capitali$mo corporativo globalizante e, contra a destruição governamental de bases autônomas e comunitárias. Milhares de ativistas de toda a Europa e EUA foram mobilizados, e 80000 manifestantes foram “encontrar” os banqueiros (no mínimo, 30000 a mais que Seattle). A polícia, completamente superada em número, e a segurança privada do evento tentaram manter a “ordem” banindo todos os manifestantes e atacando brutalmente qualquer assembléia pública, mas as revoltas ainda estraçalharam os centros consumistas de classe média (já era tradição).

Black Blocs pré-Seattle


Em novembro de 1999, a tática do Black Bloc parecia nova para muitos americanos porque, em parte, as ações e as idéias do movimento autônomo europeu eram obscurecidas ou ignoradas pela mídia americana e quase nem foram divulgadas. Contudo, a ignorância pelo Black Bloc também provém do fato que muitos americanos recebem notícias de acontecimentos regionais de uma mídia manipuladora, a qual ignora quaisquer acontecimento que não servem para os seus propósitos, apresentando qualquer evento que tom o lugar como um espetáculo singular, desconectado do passado e do futuro, a ser esquecido em pouco tempo, mesmo se aconteceu recentemente. Radicais nos EUA nunca foram totalmente ignorantes a respeito das idéias e ações dos autônomos europeus, e o desenvolvimento da sub-cultura punk/hardcore, dos anos 80, nos EUA, se espelhou na cultura autônoma. Desde o começo de 1990, anarquistas e outros radicais nos EUA, estavam usando máscaras nas passeatas e protestos, criando laços de solidariedade entre os manifestantes e o anonimato perante as autoridades. Enquanto durava a Guerra do Golfo, um protesto nas ruas de Washington, D.C., incluiu o Black Bloc, que quebrou as vidraças do prédio do Banco Mundial. Naquele mesmo ano, no Columbus Day, em São Francisco, um Black Bloc apareceu para mostrar à resistência militante o contínuo genocídio da dominação norte-americana pelos europeus. Pessoalmente, o maior Black Bloc que eu já vi foi no M4M (Millions For Mumia), na Filadélfia, em abril de 1999. Eu diria que havia, no mínimo, 1500 vestidos de preto, mascarados e carregando faixas como: “Vegans por Mumia”. Apesar de não ter acontecido nenhuma batalha de rua e, particularmente, nenhuma destruição de propriedade privada, alguns garotos entraram em um estacionamento, ao longo da passeata, e subiram no teto, agitando a bandeira negra.

O futuro global da máscara preta


O símbolo do militante autônomo mascarado se espalhou pelo terceiro mundo. Ao mesmo tempo em que o NAFTA, política econômica destrutiva neoliberal foi declarado, no dia 1º de janeiro de 1994, a revolta guerrilheira explodiu em Chiapas, um estado do sul do México. O levante procurava criar espaços, para o desenvolvimento de uma organização social autônoma entre a marginalizada população indígena. A ala armada dessa luta pela autonomia comunitária e a democracia direta sem coerção ou hierarquia, tem sido e continua sendo, os zapatistas, homens e mulheres que usam máscaras negras sempre que aparecem em público. Muitos autônomos e anarquistas têm os visitado e tentado ajudá-los com conhecimento, dinheiro, materiais, e criando solidariedade e atenção internacional para a situação em Chiapas. Voltando a Alemanha, os Autônomos passam por tempos difíceis. Dizem por aí que os squatters anteriores tomavam conta de, no mínimo, 165 grandes apartamentos na Alemanha Ocidental, mas até 1997, sobraram apenas três apartamentos. Legalizar alguns squats enquanto brutalmente despejavam outros, funcionou como política eficiente para o Estado-polícia. Muitas pessoas que vivem em squats legalizados estão impedidos de virar o jogo, encorajando e expressando solidariedade com estratégias praticadas por outros squatters, e essa marginalização deixa mais fácil a derrota squatter, nas batalhas urbanas, pelas crescentes forças policiais.

O ressurgimento do neonazismo, no que um dia foi Alemanha Ocidental, e em outras áreas do país significou maiores problemas para os autônomos alemães. Eles enfrentam a violência e o assassinato de ataques neonazistas, onde essas gangues policiam as ruas como uma “tropa contra punks e imigrantes”. A maior parte do tempo e esforço dos autônomos, vai para a organização de ações e grupos antifascistas, mas isso também significa negligenciar as tarefas para o desenvolvimento de alternativas para uma sociedade antiautoritária, um dos objetivos originais dos Autônomos. “Antifa”, ou grupos antifascistas, levam os autônomos a confrontos ainda mais violentos com a polícia alemã, que basicamente apóia os grupos neonazistas e sua ideologia nacionalista, racista – isso quando oficiais da polícia não estão diretamente ligados a grupos fascistas. Rumores dizem que muitos militantes na Europa Setentrional, onde o Black Bloc têm sido uma estratégia de manifestação comum, têm desistido, porque paravam de atingir seu objetivo. O poder de repressão estatal tem desenvolvido e usado forças tecnológicas, legais e físicas ainda maiores para isolar, observar, perseguir e localizar os envolvidos com os Black Blocs. Um processo semelhante está acontecendo nos EUA, com o ressurgimento das táticas ao estilo COINTELPRO, tendo como alvo os radicais que se opõe ao império estatal americano de capitali$mo globalizante.

Mesmo que o Black Bloc continue como estratégia, ou seja, abandonado, certamente, serviu ao seu propósito. Em certas épocas e lugares, o Black Bloc efetivamente, levou as pessoas a agir em solidariedade coletiva contra a violência do capitalismo e do Estado. É importante que nós não fiquemos presos à nostalgia como um ritual ou uma tradição ultrapassada, nem rejeitar tudo porque, ás vezes, parece inapropriado. Em vez disso, devíamos continuar lutando pragmaticamente (e teoricamente), para preencher nossas necessidades e desejos individuais através de várias táticas e objetivos, quando elas forem apropriadas ao momento específico. “Disfarçar-se” como um Black Bloc tem sua hora e seu lugar, assim como as outras estratégias que se confrontam com ela...


Trecho do livro URGÊNCIA DAS RUAS, de Ned Ludd (org.), um livro da Coleção Baderna, sobre o “Black block, reclaim the streets” e os dias de ação global. Para acessar o livro na íntegra clique aqui!